Seção 1 Continuidade e Propriedades das Funções Contínuas
Objetivos: Estrutura
Distinguir quando uma função é contínua ou não em um ponto.
Apresentar as propriedades das funções contínuas.
Resolver problemas utilizando o Teorema do Valor Intermediário.
Subseção 1.1 Continuidade
Vimos que calcular os limites de algumas funções — polinômios e funções racionais — é muito fácil porque
Ou seja, o limite quando \(x\) se aproxima de \(a\) é apenas \(f(a)\text{.}\) Sem entrar em detalhes, podemos calcular o limite dessa maneira já que essas funções não têm saltos abruptos perto de \(a\text{.}\)
Muitas outras funções têm esta propriedade, \(\sin(x)\) por exemplo. Uma função com esta propriedade é chamada contínua e existe uma definição matemática precisa para ela.
Definição 1.1.
Uma função \(f(x)\) é contínua em \(a\) se
Se uma função não é contínua em \(a\) então dizemos que ela é descontínua em \(a\text{.}\) Quando \(f\) é contínua em todos os pontos dizemos simplesmente que \(f\) é contínua, sem especificar o ponto. Quando escrevemos que \(f(x)\) é contínua no intervalo aberto \((a,b)\) então a função é contínua em todo ponto \(c \in (a,b)\text{.}\)
Consequências da continuidade.
Quando uma função \(f\) é contínua em \(x=a\text{,}\) sabemos imediatamente que
\(f(a)\) existe
\(\displaystyle \lim_{x \to a^-}f(x)\) existe e é igual a \(f(a)\text{,}\) e
\(\displaystyle \lim_{x \to a^+}f(x)\) existe e é igual a \(f(a)\text{.}\)
Exemplo 1.2. Continuidade de polinômios.
Investigue a continuidade de \(f(x)= x^2+3x-5\text{.}\)
Lembre que o domínio de uma função polinomial são todos os números reais. Agora observe que para todo \(a\in \mathbb{R}\text{:}\)
Portanto, pela Definição 1.1 \(f(x)\) é continua em todos os pontos.
Autoavaliação 1.3.
Investigue a continuidade de \(f(x)=x^3-2x\text{.}\)
Contínua em todos os pontos já que satisfaz \(\lim\limits_{x\to a}f(x)=f(a)\text{.}\)
Exemplo 1.4. Continuidade de uma função racional.
Investigue a continuidade da função racional \(f(x)=\dfrac{x^2-1}{x-1)}\text{.}\)
O domínio de \(f(x)\) consiste em todos os números reais exceto \(x=1\text{.}\) Logo, para \(a\neq 1\) temos:
Note que \(a-1\) nunca será zero uma vez que \(a=1\) não pertence ao domínio de \(f(x)\text{.}\) Portanto, pela Definição 1.1 \(f(x)\) é continua nos intervalos abertos \((-\infty, 1)\) e \((1, +\infty)\text{.}\)
Autoavaliação 1.5.
Investigue a continuidade de \(f(x)=\dfrac{2}{x^2+2}\text{.}\)
A função é contínuo em todos os pontos. Ou seja, em \((-\infty, +\infty)\text{.}\)
Subseção 1.2 Continuidade laterais
Observe que na Definição 1.1 evitamos dizer qualquer coisa sobre se a função é ou não contínua nas extremidades do intervalo, ou seja é \(f(x)\) contínuo em \(x=a\) ou \(x=b\text{.}\) Isso porque falar de continuidade nas extremidades de um intervalo pode ser um pouco delicada.
Em muitas situações nos será dada uma função \(f(x)\) definida em um intervalo fechado \([a,b]\text{.}\) Por exemplo, podemos ter:
Para qualquer \(0 \leq x \leq 1\) sabemos o valor de \(f(x)\text{.}\) Entretanto, para \(x \lt 0\) ou \(x \gt 1\) não sabemos nada sobre a função — na verdade ela não foi definida.
Agora, considere o que significa \(f(x)\) ser contínuo em \(x=0\text{.}\) Precisamos ter
no entanto, isso implica que os limites laterais
Agora, o primeiro desses limites laterais envolve examinar o comportamento de \(f(x)\) para \(x \gt 0\text{.}\) Como isso envolve olhar para os pontos para os quais \(f(x)\) está definido, isso é algo que podemos fazer. Por outro lado, o segundo limite lateral exige que entendamos o comportamento de \(f(x)\) para \(x \lt 0\text{.}\) Isso não podemos fazer porque a função não foi definida para \(x \lt 0\text{.}\)
Uma maneira de contornar esse problema é generalizar a ideia de continuidade para continuidade lateral, da mesma forma que fizemos para obter limites laterais.
Definição 1.6.
Uma função \(f(x)\) é contínua à direita em \(a\) se
Analogamente, \(f(x)\) é contínua à esquerda em \(a\) se
Usando a definição de continuidade lateral, podemos agora definir o que significa uma função ser contínua em um intervalo fechado.
Definição 1.7.
Uma função \(f(x)\) é contínua em um intervalo fechado \([a,b]\) quando
\(f(x)\) é contínua em \((a,b)\text{,}\)
\(f(x)\)é contínua à direita em \(a\text{,}\) e
\(f(x)\) é contínua à esquerda em \(b\text{.}\)
No que as condições apresentadas na Definição 1.7 são equivalentes a:
Exemplo 1.8.
Investigue a continuidade de \(f(x)=\sqrt{3-x}\text{.}\)
Observe que \(f(x)\) está definida para todos os valores de \(x\) menores que \(3\text{.}\) Além disso,
Logo, \(f(x)\) é contínua à esquerda em \(x=3\text{.}\) Observe também que para \(x\lt 3\) a função \(f\) satisfaz a Definição 1.1. Portanto, a função \(f(x)\) é contínua no intervalo \((-\infty, 3]\text{.}\)
Autoavaliação 1.9.
Investigue a continuidade de \(f(x)=\sqrt{x-2}\text{.}\)
Contínua no intervalo \([2, \infty]\text{.}\)
Exemplo 1.10.
Investigue a continuidade de
De imediato podemos afirmar que as funções polinomiais são \(5-x\) e \(x^2-1\) são contínuas, em particular são contínuas no intervalos \([-1,2]\) e \((2, 3]\text{,}\) respectivamente. Portanto, para concluir que \(f(x)\) é contínua no seu domínio, isto é, no intervalo \([-1, 3]\text{,}\) é necessário investigar a continuidade em \(x=2\text{.}\) Das igualdade
concluímos que
Portanto, segue da Definição 1.1 que \(f\) é contínua em \(x=2\text{,}\) e como consequência da Definição 1.7, é contínua em todo o intervalo fechado \([-1,3]\text{.}\)
Autoavaliação 1.11.
Investigue a continuidade de
Contínua no intervalo fechado \([-1, 5]\text{.}\)
Subseção 1.3 Mais exemplos sobre continuidade
Exemplo 1.12.
Estude a continuidade da função
Quando \(x \lt 1\) então \(f(x)\) é uma reta (e, portanto, um polinômio) e; logo, é contínua em todos os pontos \(x \lt 1\text{.}\) Da mesma forma, quando \(x \gt 1\) a função é uma reta e, portanto, é contínua em todos os pontos \(x \gt 1\text{.}\) O único ponto que pode ser uma descontinuidade é em \(x=1\text{.}\) Note que os limites laterais são diferentes. Portanto, o limite em \(x=1\) não existe e, consequentemente, a função é descontínua em \(x=1\text{.}\)
Exemplo 1.14.
Estude a continuidade da função
Observe que quando \(x \neq 0\) o \(g(x)\) é uma função racional e, portanto, é contínua em todos os pontos de seu domínio (que são todos os reais exceto \(x=0\)). Assim, o único ponto em que \(g(x)\) pode ser descontínuo é em \(x=0\text{.}\) Note que nenhum dos limites laterais existe em \(x=0\text{,}\) então o limite não existe em \(x=0\text{.}\) Portanto, a função é descontínua em \(x=0\text{.}\)
Exemplo 1.16.
Estude a continuidade da função
Esse caso é similar aos anteriores. Note que para \(x \neq 1\) \(h(x)\) é uma função racional, e portanto, contínua. Resta verificar o caso em \(x=1\text{.}\) Por definição de \(h(x)\text{,}\) \(h(1) = 0\text{.}\) Vamos calcular o limite quando \(x\to 1\) e depois verificar se está de acordo com a Definição 1.1. Para isso,
Então \(\displaystyle\lim_{x \to 1} \frac{x^3-x^2}{x-1} = \lim_{x \to 1} x^2 = 1\neq h(1)\text{.}\) Portanto, \(h\) é descontínua em \(x=1\text{.}\)
Os Exemplo 1.12–1.16 ilustram diferentes tipos de descontinuidade.
A função \(f(x)\) tem uma “descontinuidade de salto” porque a função “salta” de um valor finito à esquerda para outro valor à direita.
A função \(g(x)\text{,}\) tem o que chamamos de “descontinuidade infinita” uma vez que \(\displaystyle\lim\limits_{x\to 0} f(x) =+\infty\text{.}\)
A função \(h(x)\text{,}\) tem uma “descontinuidade removível” porque podemos tornar a função contínua nesse ponto redefinindo a função nesse ponto. Ou seja, definindo \(h(1)=1\text{.}\) Isto é,
\begin{align*} h(x) \amp= \begin{cases} \frac{x^3-x^2}{x-1} \amp x\neq 1\\ 1 \amp x=1 \end{cases} \end{align*}
Mostrar que uma função é contínua pode ser trabalhoso, mas assim como as regras de limite nos ajudam a calcular limites complicados em termos de limites mais simples, podemos usá-las para mostrar que funções complicadas são contínuas dividindo-as em partes mais simples.
Subseção 1.4 Propriedades das funções contínuas
Teorema 1.18. Propriedades aritméticas.
Sejam \(f(x)\) e \(g(x)\) funções contínuas em \(a\) e \(c\) uma constante. Então as funções a seguir são também contínuas em \(x=a\text{:}\)
\(\displaystyle f(x) + g(x)\)
\(\displaystyle f(x) - g(x)\)
\(\displaystyle c f(x)\)
\(\displaystyle f(x) g(x)\)
\(\frac{f(x)}{g(x)}\) desde que \(g(a) \neq 0\text{.}\)
Acima afirmamos que polinômios e funções racionais são contínuas (tendo cuidado com domínios de funções racionais — devemos evitar que os denominadores sejam zero) nossos próximos passos tem a intenção de formalizar estas afirmações.
Lema 1.19.
Seja \(c \) uma constante. As funções
são contínuas em todos os números rais.
Agora, como podemos obter qualquer polinômio e qualquer função racional adicionando, subtraindo, multiplicando e dividindo cuidadosamente as funções \(f(x)=x\) e \(g(x)=c\text{,}\) o Lema 1.19 acima combinado com o Teorema 1.18 para nos dar o resultado que queremos:
Teorema 1.20. Continuidade de polinômios e funções racionais.
Todo polinômio é contínuo em todos os lugares. Da mesma forma, toda função racional é contínua, exceto onde seu denominador é zero (ou seja, em todo o seu domínio).
Com um pouco mais de trabalho, esse resultado pode ser estendido para tipos mais amplos de funções:
Teorema 1.21.
As seguintes funções são contínuas em todos os seus domínios
funções polinomiais e racionais
funções raízes e potência
funções trigonométricas e suas inversas
funções exponencial e o logarítmica
Usando uma combinação dos resultados acima, você pode mostrar que muitas funções complicadas são contínuas, exceto em alguns pontos (geralmente onde o denominador é igual a zero).
Exemplo 1.22. Continuidade de \(\frac{\sin(x)}{2+\cos(x)}\).
Onde a função \(f(x) = \dfrac{\sin(x)}{2+\cos(x)}\) é contínua?
A função é uma razão de duas partes — então a ideia geral é verificar se o numerador é contínuo, o denominador é contínuo e se o denominador pode ser zero. O numerador é \(\sin(x)\) que é “contínuo em seu domínio” de acordo com o Teorema 1.21 . Seu domínio são todos os números reais. O denominador é a soma de \(2\) e \(\cos(x)\text{.}\) Como \(2\) é uma constante, ela é contínua em todos os números reais. Da mesma forma (acabamos de verificar as coisas para o ponto anterior), sabemos que \(\cos(x)\) é contínuo em todos os reais. Portanto, o denominador é contínuo. Precisamos agora verificar se o denominado se anula. Para isso lembre que
quando somamos 2 em ambos os lados obtemos
\begin{gather*} 1 \leq 2+\cos(x) \leq 3 \end{gather*}Portanto, não importa o valor de \(x\text{,}\) \(2+\cos(x) \geq 1\) e, portanto, o denominador não pode se anular. Então o numerador é contínuo, o denominador é contínuo e o denominador não se anula em nenhum ponto, então a função é contínua em todos os números reais.
Exemplo 1.23. Continuidade de \(\frac{\sin(x)}{x^2-5x+6}\).
Onde a função \(\displaystyle f(x)=\frac{\sin(x)}{x^2-5x+6}\) é contínua?
De acordo com o Teorema 1.21 o numerador e o denominador de \(f\) são contínua funções contínuas. Uma vez que o denominador \(x^2-5x+6=(x-2)(x-3)\) se anula em \(x=2,3\text{.}\) Portanto, a função é contínua em todos os lugares, exceto possivelmente em \(x=2,3\text{.}\) Para verificar se a função realmente é descontínua nesses pontos, basta verificar se o numerador é diferente de zero em \(x=2,3\text{.}\) De fato, sabemos que \(\sin(x)\) é zero somente quando \(x = n\pi\) (para qualquer inteiro \(n\)). Portanto, \(\sin(2),\sin(3) \neq 0\text{.}\) Assim, o numerador é diferente de zero, enquanto o denominador é zero e, portanto, \(x=2,3\) realmente são pontos de descontinuidade.
Nota 1.24.
Observe que no Exemplo 1.23 levanta um ponto sutil sobre a verificação de continuidade quando o numerador e o denominador são simultaneamente zero. Existem alguns resultados possíveis neste caso e precisamos de ferramentas mais sofisticadas para analisar adequadamente o comportamento das funções próximas a esses pontos.
Autoavaliação 1.25.
Explique por que a função \(f(x)=\dfrac{\sin{x}}{x+1}\) é contínua em todo seu domínio.
De acordo com Teorema 1.21 \(\sin{x}\) como \(x+1\) são contínuas. Segue do Teorema 1.18 o quociente destas expressões também é uma função contínua, já que onde o denominador se anula apenas em \(x=-1\text{,}\) mas que não pertence ao domínio de \(f(x)\text{.}\)
Outra forma de combinar as funções contínuas \(f\) e \(g\) para obter novas funções contínuas é formar a função composta \(f\circ g\text{.}\)
Teorema 1.26. Composição e continuidade.
Se \(f\)é contínua em \(b\) e \(\displaystyle \lim_{x \to a} g(x) = b\) então \(\displaystyle \lim_{x\to a} f(g(x)) = f(b)\text{.}\) Isto é,
Em outras palavras, o Teorema 1.26 diz que: se \(g\) é contínua em \(a\) e \(f\) é contínua em \(g(a)\) então a função composta \((f \circ g)(x) = f(g(x))\) é contínua em \(a\text{.}\) Então, quando compomos duas funções contínuas, obtemos uma nova função contínua.
Exemplo 1.27. Continuidade de funções compostas.
Indique onde as seguintes funções são contínuas.
(a)
\(f(x) = \sin\left( x^2 +\cos(x) \right)\)
Nosso primeiro passo deve ser quebrar as funções em partes e estudá-las. Quando os juntarmos novamente, devemos tomar cuidado para não dividir por zero, ou cair fora do domínio. A função \(f(x)\) é a composição de \(\sin(x)\) com \(x^2+\cos(x)\text{.}\) Cada um desses termos, \(\sin(x), x^2\) e \(\cos(x)\) são funções contínuas. Portanto, a soma \(x^2+\cos(x)\) é contínua. E, portanto, a composição de \(\sin(x)\) e \(x^2+\cos(x)\) é contínua em todos os reais.
(b)
\(g(x) = \sqrt{\sin(x)}\)
A função \(g(x)\) é a composição de \(\sqrt{x}\) com \(\sin(x)\text{.}\) Observe que \(\sqrt{x}\) é contínuo em seu domínio \(x \geq 0\) e que \(\sin(x)\) é contínua, mas é negativo em muitos lugares (ver Figura 1.28). Para que \(g(x)\) seja definido e contínuo, devemos restringir \(x\) para que \(\sin(x) \geq 0\text{.}\)
Subseção 1.5 Sugestão de Vídeos
A função \(g(x)=\begin{cases}\log{3x} \, \text{ se }\, 0\lt x \lt 3 \\ (4-x)\log{9}\, \text{ se } \, x\geq 3\end{cases}\) é contínua em 3? 4
A função \(g(x)=\begin{cases}\ln{x} \, \text{ se }\, 0\lt x \geq 2 \\ x^2\ln{x}\, \text{ se } \, x\gt 2\end{cases}\) é contínua em 2?. 5
As funções \(e^x\) e \(\sqrt{x}\) são contínuas em todos os números reais? 7
Quais das funções \(\ln{(x-3)}\) e \(e^{x-3}\) são contínuas em \(x=3\) ? 8
Subseção 1.6 Localizando zeros de funções
Funções contínuas são muito boas (matematicamente falando). As funções do “mundo real” tendem a ser contínuas (embora nem sempre). O aspecto chave que os torna bons é o fato de que eles não “saltam”.
A ausência de tais saltos leva ao seguinte teorema que, embora possa ser bastante confuso à primeira vista, na verdade diz algo muito natural — até óbvio. Ele diz, a grosso modo, que, à medida que você desenha o gráfico \(y=f(x)\) começando em \(x=a\) e terminando em \(x=b\text{,}\) \(y\) muda continuamente de \(y=f(a)\) para \(y=f(b)\text{,}\) sem saltos e, consequentemente, \(y\) deve assumir todos os valores entre \(f(a)\) e \(f(b)\) pelo menos uma vez.
Teorema 1.29. Teorema do Valor Intermediário (TVI).
Seja \(a \lt b\) e seja \(f\) uma função contínua em \(a\leq x \leq b\text{.}\) Se \(d\) é um valor qualquer entre \(f(a)\) e \(f(b)\) então existe algum número \(c \in [a, b]\) tal que \(f(c) = d\text{.}\)
O Teorema 1.29 diz que se \(f(x)\) é uma função contínua em todo o intervalo \(a \leq x \leq b\) então como \(x\) se move de \(a\) a \(b\text{,}\) \(f(x)\) assume todos os valores entre \(f(a)\) e \(f (b)\) pelo menos uma vez. Em outras palavras, se \(f\) não alcançar um valor entre \(f(a)\) e \(f(b)\) então \(f\) não pode ser contínuo em \([a,b]\text{.}\)
Não é difícil se convencer de que a continuidade do \(f\) é crucial para o TVI 1.29 . Sem ele pode-se construir rapidamente exemplos de funções que contradizem o teorema. Veja a figura abaixo para alguns exemplos não contínuos:
No gráfico da esquerda, vemos que uma função descontínua pode “saltar” sobre o valor \(Y\) que escolhemos, então não há valor de \(x\) que implique em \(f(x)=Y\text{.}\) O gráfico da direita demonstra por que precisamos ter cuidado com as extremidades do intervalo. Em particular, uma função deve ser contínua em todo o intervalo \([a,b]\) incluindo os extremos do intervalo. Se apenas exigíssemos que a função fosse contínua em \((a,b)\) (tão estritamente entre \(a\) e \(b\)), então a função poderia “pular” sobre o valor \(Y\) em \(a\) ou \(b\text{.}\)
Exemplo 1.30. Localizando raízes de equações.
Mostre que existe uma raiz da equação
entre \(1\) e \(2\text{.}\)
Seja \(f(x)=4x^3-6x^2+3x-2 \text{.}\) Para resolver o problema devemos encontrar um número \(c\) entre \(1\) e \(2\) tal que \(f(c)=0\text{.}\) Portanto, para se adequar ao TVI 1.29, vamos tomar \(a=1\) e \(b=2\) e \(d=0\text{.}\) Contudo,
e
Logo, \(f(1)\lt 0\lt f(2)\text{,}\) ou seja, \(d=0\) é um número entre \(f(1)\) e \(f(2)\text{,}\) como queríamos. Agora, já que \(f\) é contínua (pois é um polinômio), o Teorema do Valor Intermediário (TVI) afirma que existe um número \(c\) entre \(1\) e \(2\) tal \(f(c)=0\text{.}\) Ou seja, a equação \(4x^3-6x^2+3x-2=0\) tem pelo menos uma raiz \(c\) em \((1, 2)\text{.}\) A Figura 1.31 contribui com o resultado obtido.
Autoavaliação 1.32.
Subseção 1.7 Sugestão de vídeos
Exercícios 1.8 Exercícios
1.
Abaixo estão seis afirmações sobre funções. Associe cada instrução a uma das funções mostradas abaixo que MELHOR corresponde a essa instrução.
2.
Encontre o valor da constante \(c\) que torna a função abaixo contínua em \((-\infty,\infty)\text{.}\)
\(c=\)
\(0.6\)
3.
Mostre que
tem uma descontinuidade de salto em \(9\) calculando o limite quando \(x\) se aproxima de 9 pela esquerda e pela direita.
\(\displaystyle{\lim_{x\to 9^-}f(x)} =\)
\(\displaystyle{\lim_{x\to 9^+}f(x)} =\)
Esboce o gráfico de \(f\text{.}\)
4.
Dê o(s) intervalo(s) em que a função é contínua.
5.
Determine se \(f\) é contínua nos valores indicados.
1. \(x = 0\text{.}\)
contínua
descontínua
2. \(x = -4\pi\text{.}\)
contínua
descontínua
Para \(x = 0\text{,}\) verifique se o limite \(f(0)\text{:}\)
A função é contínua em \(x = -4\pi\) porque é o quociente de duas funções contínuas e o denominador é diferente de zero.
6.
Dados os intervalos nos quais a função é contínua.
7.
Dê o(s) intervalo(s) em que a função é contínua.
8.
Dizemos que \(f(x)\) tem discontinuidade de salto em \(x=a\) se:
1. \(\displaystyle{ \lim_{x\to a^-}f(x)}\) existe.
2. \(\displaystyle{ \lim_{x\to a^+}f(x)}\) existe.
3. Os limites à esquerda e à direita direita não são iguais.
Seja \(f(x) = \begin{cases} 8 x - 3, \amp \text{se}\ x\lt 9\\ \frac{1}{x+9}, \amp \text{se}\ x\geq 9 \end{cases}\)
Mostre que \(f(x)\) tem uma descontinuidade de salto em \(x=9\) calculando os limites da esquerda e da direita em \(x=9\text{.}\)
\(\displaystyle{ \lim_{x\to 9^-}f(x)}=\)
\(\displaystyle{ \lim_{x\to 9^+}f(x)}=\)
Tente esborçar o gráfico de \(f(x)\text{.}\)
9.
Determine os pontos em que a função é descontínua e indique o tipo de descontinuidade: removível, salto, infinito ou nenhum destes.
\(\displaystyle f(x)= \frac {x - 6} {\mid x - 5 \mid}\)
\(x=\)
Escolha o tipo
10.
Esboce o gráfico da função \(f\) para determinar o tipo de descontinuidade em cada valor \(x\text{.}\)
removível
salto
infinita
removível
salto
infinita
removível
salto
infinita
11.
Determine se o Teorema do Valor Intermediário implica que a equação \(x^3-3x - 5.9 =0\) tem uma raiz no intervalo \((0,1)\text{.}\)
O Teorema do Valor Intermediário
faz
não faz
Se \(f(x) = x^3-3x - 5.9\text{.}\) A função \(f\) é contínua no intervalo fechado \([ 0,1]\text{.}\) Temos
Uma ves que \(f(1)\lt f(0)\lt 0\text{,}\) o Teorema do Valor Intermediário não implica que exista um número \(c\) em \((0,1)\) tal que \(f(c) = 0\text{,}\) isto é, o teorema não implica que a equação \(x^3-3x - 5.9 =0\) tenha uma raiz no intervalo \((0,1)\text{.}\)
12.
Seja \(f\) contínua em \([4, 12]\text{,}\) em que \(f(4) = 18\) e \(f(12) = 10\text{.}\) Podemos concluir que um valor \(4 \lt c \lt 12\) exista tal que \(f(c) = 1\) ?
Não, não há informações suficientes
Sim, por causa do teorema do valor intermediário
13.
Considere a função \(f(x) = 3 x^3 + 4 x^2 + 3\text{.}\) Para quais valores de \(k\) o Teorema do Valor Intermediário nos diz que existe um \(c\) no intervalo \([0,1]\) tal que \(f(c) = k\text{?}\)
\(\le k \le\) .
\(3\)
\(3+4+3\)
Observe que se \(c=0\) temos \(f(c) = f(0) = 3\) e se \(c=1\) da mesma forma \(f(c) = f(1) = 3 + 4 + 3 = 10\text{.}\) Assim, como \(f\) é contínua, podemos aplicar o Teorema do Valor Intermediário e dizer que para qualquer \(k\) entre 3 e 10 podemos encontrar um valor \(c\) tal que \(f(c) ) = k\text{.}\) Assim o intervalo é
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